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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Práticas Nordestinas



Debaixo do sol escaldante, debaixo da lua brilhante
a névoa cobria o cercado, a dor segurava os punhados
a chuva custava a cair, custava nascer a flor dos namorados
a enxada até pesava, mas fome falava mais alto.

Levantávamos cedo, tempos de pura agonia
as pragas comiam alimento, que tamanha serventia
o chão rachava com a seca
nem tudo vingava, nem tudo rendia.

O gado morria aos poucos, por falta d'agua
a falta que o leite fazia
a doença chegava depressa, que tamanha hegemonia
a cura nem sempre vinha, e a lágrima sempre caia.

Um dia perguntei, "pronde" vai seu moço?
o moço malmente virou, sabia que a pena não valia
um matuto como eu, nem resposta merecia.

Falavam que na cidade, a comida era farta
outro dia comemos nosso cão
o decesso nos serviu de alimento, e ria
oh, coitado de totó, mas em mim não mais doía.

No outro dia foi a filó
nossa nobre "passarinha", a seca tirou-lhe a vida
e nós permanecemos com a nossa
matando nossa pobre galinha.

Vimos companheiros migrarem, atrás do fruto, da água, da vida
vida essa que parecia ter-nos roubado
vida essa que não lembrávamos que tinha.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Que tipo de pessoa o Brasil está formando ?

O Brasil formando crianças sedentárias que idolatram a tenologia, que preferem vídeo games à futebol de butão, bolas, bonecas. Que preferem passar horas jogando jogos violentos do que jogar uma partida de futebol perto de casa, e essa desculpa de que a violência aumentou não é válida. Estamos formando crianças diabéticas que se encantam com propagandas de fastfoods, futuros adolescentes obesos.
Estamos formando jovens que não estudam, não pensam e nem planejam o futuro, que criam estereotipos e preconceitos, que "saem pra balada pra pegar geral", jovens que não leem, não estudam, não respeitam os mais velhos, pincham as ruas, adolescentes por diversas vezes vândalos e mal-educados. Adolescentes sem senso crítico, que aceitam o que veem, não lutam para melhorar sua realidade, que não gostam de política e são cegados pelo consumismo, alienação e sensacionalismo.
O Brasil está formando adultos que desistiram de estudar, que trabalham noite e dia para sustentar as necessidades e não necessidades de seus filhos pequenos que querem o vídeo game do ano, e seus filhos adolescentes que querem roupas e tênis de marcas imperialistas.
Estamos formando cidadãos de senso comum, homens-bomba, atiradores de elite, viciados, traficantes, analfabetos, corruptos, ditadores, pessoas que fecham os olhos e tratam como o lixo da sociedade os mais necessitados. Estamos criando monstros individualistas não solidários que têm o único desejo de crescer cada vez mais financeiramente.
Devo dizer que há exceções, raras e boas exceções. Ainda acredito que há jovens preocupados com o futuro de seu país, com ecologia, que leem jornais (e todo e qualquer tipo de informação disponível), que há crianças que preferem o carrinho ao computador, pessoas que ajudam os idosos à atravessar a rua, pessoas boas, humildes, críticas, e que ainda podem fazer e fazem muita coisa para mudar o lugar onde vivem e as pessoas que conhecem, para melhor.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Indagações

E eu que pensei que minha vida seria coberta de cinzas, em emaranhados de ideias supérfluas e medíocres, abundante em novidades antigas, solitária enquanto respirar. Eu que pensei já havia mudado, aprendido, amado e sofrido demais, deparo-me comigo mesma, frente ao espelho perguntando-me das antigas crises existenciais, concluindo que não é mais uma crise qualquer, nem sequer é crise, e sim uma visão de mim mesma e do mundo, admito a mim que não aprendi o suficiente, mas suficiente para que ? Não descobri ainda, mas talvez toda essência seja essa, de não saber as respostas, muito menos o futuro, assim é melhor, embora não nos conformemos.
O volume alto da boa música parece tirar-me a concentração, mas concentração para quê ? Ah, dane-se, só preciso escrever por motivo de força maior como dizem os oficiais. Mas voltando a minha concepção, acho que nunca saberemos o que é suficiente e para quê serve, não sabemos quando parar, apenas sentimos e paramos. Temos a mania de elevar sempre o nível de algo, de se superar, por isso buscamos o indisponível, verdade, talvez seja essa a desculpa para os amores não correspondidos. Aliás, parecemos inventar desculpa para tudo não é mesmo ? Sempre alguém diz: Aconteceu porque deus permitiu. Outrora ouço dizer: Está gripado porque ficou no sereno. Essa necessidade de resposta é tão grande, que algumas vezes nossas desculpas viram esfarrapadas. Talvez nem precisemos da metade das respostas de nossas perguntas, mas a incerteza é dura, é cruel e nos tira o sossego.
Falando por mim, não procuro por mais respostas, tenho sede de perguntas, elas sim me mantêm de pé, e faz com que me indague e me aprimore, está decidido: não me escusarei mais. Também já tenho um amor que me compreende, é, descobri que não tinha mesmo amado demais, e o possuo muito para dar, aproveito e esbanjo sobre os brotos, futuras flores que banharão a primavera subsequente.
Agora chega que indagar, vou vasculhar mais perguntas, e o meu amor me espera.