Quase que instantaneamente meu corpo virou gelo e ficou opaco. Minha respiração gélida chega a irritar os meus pulmões e até minhas unhas ficaram arroxeadas. Pois é, a sensação de vinte e cinco graus desapareceu de imediato, e agora com o ar esbranquiçado que sai de meus lábios, penso estar sentindo uns dez graus a menos. É tão solitário aqui assim como em qualquer outro lugar e para ser sincera nem me lembro se minha alma está onde deveria estar. Agora percebo que minhas horas não gastas na ultima semana, em meditação, me fazem muita, mas muita falta nesse inacabável instante. Logo a pessoa que há meses controla-se melhor que ninguém, a independente, a ocupada e a despreocupada veio a óbito. Tristeza. Dor. Sacrifícios. O pior é pensar e saber que nada disso vale a pena. Intermináveis minutos até perceber o fato. Então a velocidade da respiração vai ficando mais sensata, mais sincrônica e o fôlego não mais me falta. A temperatura já subiu uns cinco graus, ainda é frio, é solitário e doloroso, mas é melhor do que nada. E enquanto o nada acontece, permaneço aqui em posição fetal e ainda com frio, me satisfazendo com falsos desejos.