O velho moço e sua sanfona

Tomei um ônibus às pressas indo a encontro do meu amado. Paasando a metade do caminho, subiu-me um velho moço e sua sanfona modesta, talvez um tanto anciã, mas não não lhe tirava a descência. A idade avançada e o balanço da condução não lhe permitiram que ficasse de pé, então sentou-se na primeira carteira à sua frente e começou a tocar seu ilustre instrumento; uma cantiga antiga, que me lembrava o sertão nordestino. Aquilo acalmou-me os ânimos, e passei a apreciá-lo de tal forma inesperada. Ah, como alegrou-me ver aquele moço de terceira idade nos banhando com sua música, num chapéu negro de couro, igualmente à seus sapatos, aquela camisa rubra que me parecia manchada... Poderia ver aquele moço tocar por horas, mas levantei-me e tive que lhe dar as costas, o meu ponto chegou, e verei meu amado.

Sossego

Novidade, sorridente, surreal
mágico, os dois do lado de lá
equilibrado de tal forma anormal
ao som do vento, mar
no frio na barriga que dá.

À luz da lua e estrelas soa clichê
ao som da conversa calada
olhos teus me vidram, calei
o sol e tu se foram, agora desamparada
e parada fiquei.

Saudade parece insaciável
aperta que chega a doer
juras de amor cuspidas de uma boca amável
desejo inflama que chega entorpecer
como é bom amar alguém, meu bem querer.

Com braços teus me entrelaçando
encontro em teus amaços, fervuras
em teus beijos, um sentimento aflorando
alegrias intensas, um aconchego
ah, esse amor me faz tão bem, trás sossego.

Uma dose de lembranças sob estrelas.

E como não refletir sob este céu estrelado ?
Lembrei-me de uma vez que disse à um amigo que não queria mais viver coisas boas, porque depois que acaba, as boas lembranças me faziam chorar, relembrar não me parecia boa coisa, a nostalgia por vez, me tomava conta. Mas hoje, mudei de idéia e pensei: melhor viver coisas boas, mesmo que me tragam lembranças desagradáveis depois, do que não viver, e não me restar nada para lembrar.
Calei.